Banal, instrumento da transcendência

Sentiu vergonha de ser poeta

Defeito da mineirice ou medo da mulher ser homem criativo?

Masculino e feminino se encontram no texto

Um não existe sem o outro e a poeta brinca com

seus lados divinos, na cozinha de Divinópolis

Drummondiana, ama o banal e o transcendente

O banal é instrumento para a transcendência

Ser transcendente é amar a todos os leitores

em prados mineiros; Adélia lembra dos pais,

do pão de queijo, da manteiga no pão, de sua ousadia

ao usar a palavra c… no final de um poema

Ser poeta é ter muita coragem mesmo.

 

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Saudamos o Único

Em reverência, saudamos o Único,

Aquele que tem o Comando, o Rei dos reis

A Verdade que atravessa as eras

O Indescritível, o Autoperpetuado

Vivemos as quatro idades

ouvimos milhões de sermões e histórias

nos nove continentes, em fluência por todos os rios

As escrituras falavam em 18 mil mundos

68 lugares de peregrinação

100 mil línguas devotas, cantando

A Sua Graça, o seu Indiscutível Poder

Planetas, sistemas solares e galáxias

Incontáveis virtudes, sabedoria e presença

Três deidades concebidas pela Grande Mãe

O Reinado do Dharma estabeleceu suas regras

Só o olhar do Mestre nos salva e resgata

Em Sua Presença existimos, revivemos

Pecados, medos, inimigos, dores e impurezas

Desaparecerem do nosso coração

Ik oNKaar, Sat Naam

 

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Alma grande e a pessoa Fernando

Encontrei o poeta português na rua, pensativo em muro

Olhei para ver a tabacaria; havia loja de artesanato

Cuidadoso, pensei em minha alma pequena, na incapacidade de ser pessoa

no mundo dos objetos – em que mercadoria me tornei nestes anos todos?

Suspiro ao imaginar que Alberto Caieiro me consolaria

Ser sonhador é um óculos de sol sob a luz do dia na cidade

Respiro a certeza de que tudo vale a pena

para quem apenas observa, alma sob chapéu.

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Por onde andas, poeta?

Tu que reinventastes a roda da poesia

Por onde andas? Ou de voo é feito o seu caminhar?

Em teu reino, nos tornastes encharcados de lirismo, naquela riscada adolescência

Cansado da prosa deste mundo, mergulhastes na espiral das palavras

Para desaparecer no desaponto do pesponto

Contados nós, buscamos teu rastro nos volumes, texturas e materiais

Ó ruas de Itabira que percorri, sem encontrar-te!

Salve, poeta, em tua eternidade me provisiono, provisório o porvir

Só teus versos suavizam o tremor da pena.

Afinal, o que é a morte para quem provou do Infinito?

 

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