Alma grande e a pessoa Fernando

Encontrei o poeta português na rua, pensativo em muro

Olhei para ver a tabacaria; havia loja de artesanato

Cuidadoso, pensei em minha alma pequena, na incapacidade de ser pessoa

no mundo dos objetos – em que mercadoria me tornei nestes anos todos?

Suspiro ao imaginar que Alberto Caieiro me consolaria

Ser sonhador é um óculos de sol sob a luz do dia na cidade

Respiro a certeza de que tudo vale a pena

para quem apenas observa, alma sob chapéu.

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Por onde andas, poeta?

Tu que reinventastes a roda da poesia

Por onde andas? Ou de voo é feito o seu caminhar?

Em teu reino, nos tornastes encharcados de lirismo, naquela riscada adolescência

Cansado da prosa deste mundo, mergulhastes na espiral das palavras

Para desaparecer no desaponto do pesponto

Contados nós, buscamos teu rastro nos volumes, texturas e materiais

Ó ruas de Itabira que percorri, sem encontrar-te!

Salve, poeta, em tua eternidade me provisiono, provisório o porvir

Só teus versos suavizam o tremor da pena.

Afinal, o que é a morte para quem provou do Infinito?

 

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