Encontrei o poeta português na rua, pensativo em muro
Olhei para ver a tabacaria; havia loja de artesanato
Cuidadoso, pensei em minha alma pequena, na incapacidade de ser pessoa
no mundo dos objetos – em que mercadoria me tornei nestes anos todos?
Suspiro ao imaginar que Alberto Caieiro me consolaria
Ser sonhador é um óculos de sol sob a luz do dia na cidade
Respiro a certeza de que tudo vale a pena
para quem apenas observa, alma sob chapéu.
Tu que reinventastes a roda da poesia
Por onde andas? Ou de voo é feito o seu caminhar?
Em teu reino, nos tornastes encharcados de lirismo, naquela riscada adolescência
Cansado da prosa deste mundo, mergulhastes na espiral das palavras
Para desaparecer no desaponto do pesponto
Contados nós, buscamos teu rastro nos volumes, texturas e materiais
Ó ruas de Itabira que percorri, sem encontrar-te!
Salve, poeta, em tua eternidade me provisiono, provisório o porvir
Só teus versos suavizam o tremor da pena.
Afinal, o que é a morte para quem provou do Infinito?