O anel do sem-número

Minha economia é um produto bruto, nem interno nem externo

Meu amor per capita tropeça na multidão do Eu, solitário “único”

Dentro de mim, há uma população residente, por faixa etária e sexo

Notificações de doenças contagiosas colocaram meus eus em leitos

Unidades básicas cadastrais ocuparam índices administrativos

Discursos de desenvolvimento garantiram a pobreza e a inação

Institutos nacionais exclusiveram postos e impostos

Eu mesmo me agropecuriei, me industrializei, me fiz serviço ou serviçal

Pra falar a verdade…: me desgovernei. Executivo de mim mesmo

me fiz guru da insatisfação, das almas penadas e desempenadas

Colocado em caçamba de serviço de limpeza, fui queimado (na

propriedade), coletado diretamente e enterrado em mil destinos

Tornei-me fundo de participação, receita orçamentária, estatística

Meus estados de ser são superintendências, organizações setoriais e

zonas francas em amplos cadastros e valores considerados aceitáveis

Em síntese, 20!$ ou *90)-=+====%.

 

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O parede

Estou explorando o Eu Boicotador. Como chamá-lo?

O Bloqueado, a Vítima, o Coitadinho. Desmilinguido. O Parede.

Est-eu se manifesta by fraqueza. Ele dissolve himself em sono

em covardia, em medo, em ansiedade, em pretensão em raiva &

Quer me proteger sob ombros arqueados o encurvamento §

a fuga ah esconderijos/a vergonha inflamará, doente

Converso com o tal. Por que você é assim? Porque me fizeram

tolo, ainda responde. É este mundo cruel, perseguidor, matador.

Mas não é você que está se matando? Pode ser, mas não consigo

mais mudar. Como não? Tente, tente, tente e tente mais uma vez.

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Banal, instrumento da transcendência

Sentiu vergonha de ser poeta

Defeito da mineirice ou medo da mulher ser homem criativo?

Masculino e feminino se encontram no texto

Um não existe sem o outro e a poeta brinca com

seus lados divinos, na cozinha de Divinópolis

Drummondiana, ama o banal e o transcendente

O banal é instrumento para a transcendência

Ser transcendente é amar a todos os leitores

em prados mineiros; Adélia lembra dos pais,

do pão de queijo, da manteiga no pão, de sua ousadia

ao usar a palavra c… no final de um poema

Ser poeta é ter muita coragem mesmo.

 

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Saudamos o Único

Em reverência, saudamos o Único,

Aquele que tem o Comando, o Rei dos reis

A Verdade que atravessa as eras

O Indescritível, o Autoperpetuado

Vivemos as quatro idades

ouvimos milhões de sermões e histórias

nos nove continentes, em fluência por todos os rios

As escrituras falavam em 18 mil mundos

68 lugares de peregrinação

100 mil línguas devotas, cantando

A Sua Graça, o seu Indiscutível Poder

Planetas, sistemas solares e galáxias

Incontáveis virtudes, sabedoria e presença

Três deidades concebidas pela Grande Mãe

O Reinado do Dharma estabeleceu suas regras

Só o olhar do Mestre nos salva e resgata

Em Sua Presença existimos, revivemos

Pecados, medos, inimigos, dores e impurezas

Desaparecerem do nosso coração

Ik oNKaar, Sat Naam

 

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