O anel do sem-número

Minha economia é um produto bruto, nem interno nem externo

Meu amor per capita tropeça na multidão do Eu, solitário “único”

Dentro de mim, há uma população residente, por faixa etária e sexo

Notificações de doenças contagiosas colocaram meus eus em leitos

Unidades básicas cadastrais ocuparam índices administrativos

Discursos de desenvolvimento garantiram a pobreza e a inação

Institutos nacionais exclusiveram postos e impostos

Eu mesmo me agropecuriei, me industrializei, me fiz serviço ou serviçal

Pra falar a verdade…: me desgovernei. Executivo de mim mesmo

me fiz guru da insatisfação, das almas penadas e desempenadas

Colocado em caçamba de serviço de limpeza, fui queimado (na

propriedade), coletado diretamente e enterrado em mil destinos

Tornei-me fundo de participação, receita orçamentária, estatística

Meus estados de ser são superintendências, organizações setoriais e

zonas francas em amplos cadastros e valores considerados aceitáveis

Em síntese, 20!$ ou *90)-=+====%.

 

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